A Professora Tia Lilian entrevista Manohead

( Trabalho digital: Caricatura de Van Gogh )

Conheci Manohead em uma de minhas pesquisas virtuais.

E de cara topei com este trabalho dele que foi 1º lugar no

XVI Salão Nacional de Humor de Ribeirão Preto - 2009

O resultado foi uma bela postagem sobre seu trabalho:

Van Gogh nos traços de Manohead - 18/08.

Não satisfeita parti para o projeto de entrevistá-lo. E

ele topou. Conheça agora o autor deste belo trabalho.

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Lilian - Fabrício Rodrigues Garcia é um garopabense que

teve na infância o amor e a curiosidade pela arte do dese-

nho. Segundo ele mesmo, seu irmão era sua referência.

Reparta conosco um pouco desta fase.

Manohead - Lembro que minha infância foi bem rabiscada

desenhava muitos dinossauros e gostava de desenhar so-

mente isso, enquanto desenhava ficava imitando os sons

deles, devia ser engraçado. (Riso) Já maior, lembro do meu

irmão fazendo desenhos para trabalhos da escola. Lembro

até hoje de um cartum que ele reproduziu e aquilo me cha-

mou muita atenção sem ao menos imaginar o que era aque-

la imagem. Mas aquilo de certa forma se prendeu em minha

cabeça. Dali pra frente comecei a desenhar mais e ficava

sonhando em um dia desenhar quadrinhos para a Marvel,

principalmente o homem aranha. Acho que toda criança

gostaria de ser ou desenhar ele

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Lilian - Dos desenhos dos tempos de infância para seu pri-

meiro trabalho profissional, passaram-se quanto tempo?

Manohead - Meu primeiro trabalho foi no ano de 1999 em

uma usina de artes na cidade, no qual fiz placas para um

evento açoriano. Lembro ter recebido pouco, mas foi ali

meu primeiro contato com o que viria pela frente.

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Lilian - Conte para nós a história do seu nome artístico

"Manohead". Como ele surgiu? Preferes ser chamado

como?

Manohead - O nome "Manohead" veio ainda na época da

escola, e ainda nos dias de hoje o pessoal me chama de

"cabeça". Certa noite, na saída do colégio, um amigo cha-

mado Julian veio chamando pelos colegas: "Fala mano

Dudu, mano Gero, Mano Head". A princípio entendi Mano

Red. Aí eu perguntei: "Mano Red? Vermelho?" Ele respondeu:

"Não, Head, de cabeça". Nessa época eu estava iniciando

no mundo virtual e como usar nomes próprios para e-mails

é algo quase impossível de conseguir, usei o Manohead co-

mo alternativa. Com o tempo fui trocando as assinaturas

dos meus desenhos de Fabrício para cabeça para Mano-

head e hoje assino como Head.

Meus amigos me chamam de Head, ou apenas Mano, difi-

cilmente chamam de Manohead, alguns ainda me chamam

de Cabeça, mas são poucos. De qualquer forma que me cha-

mar irei atender, só não posso esquecer meu verdadeiro no-

me, afinal tem gente que me chama até de Mohamad. (Risos)

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Lilian - Você diz em sua biografia no seu blog que apesar de

ter feito várias caricaturas dos seus professores nos tempos

escolares, não levaste adiante esta arte. O que aconteceu?

Manohead - Na época de escola, a caricatura era apenas um

modo divertido de desenhar. Os colegas gostavam e alguns

pediam para desenhar algumas pessoas, mas nunca levei

aquilo a sério.

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Lilian - Fabrício "Manohead" volta a surgir com sua arte em

2007. Como foi essa volta: um re-nascer ou um nascer?

Manohead - Bem antes de 2007, fiquei em torno de 2 anos

sem desenhar, em uma crise "artística" (riso) parei de riscar

e fiquei um bom tempo sem ver lápis e papel na minha frente.

Durante esse tempo comecei a usar o computador, conheci a

pintura digital e o photoshop, foi um divisor de águas para

mim. Busquei conhecimento por conta própria, já que na épo-

ca eram poucas as informações que eu tinha sobre o assunto

e fui cada vez mais gostando daquilo que era um mundo novo,

mas eu ainda sentia um vazio, esse que foi preenchido com a

volta do desenho em meu dia a dia. Acabei unindo ambos e

comecei a publicar meus trabalhos na internet, ali re-nascia

um amante da arte e nascia um amante da caricatura.

Klimt - O Beijo
(Carica de klimt por HEAD )
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Lilian - A produção de Arte digital teve um papel importante
para este Manohead que passou a lançar-se em concursos de
caricaturas?
Manohead - Sem dúvida a arte digital mudou o rumo do que
eu queria para mim. Primeiramente foram as encomendas,
aos poucos pessoas entravam em contato comigo para com-
prarem desenhos e com o passar do tempo fui conhecer o
mundo dos Salões de Humor. O primeiro concurso que man-

dei foi para Ribeirão Preto, no qual tive 3 menções honrosas
Super feliz por essa conquista decidi mandar para outros
concursos, mas fui enviando e notei que minha primeira
participação poderia ter sido uma sorte de principiante.
Isso me deu mais forças para eu continuar a fazer
novos trabalhos e participar de novos salões.

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Lilian - Atualmente você é um excelente caricaturista e
ilustrador free-lance que faz trabalhos aqui para o Brasil
e também para outros países. Defina-se usando apenas um
adjetivo.
Manohead - Meu objetivo é ser um excelente caricaturista
e para isso estou todo dia desenhando para aprimorar mi-
nha técnica.
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Lilian - Temos uma longa lista de excelentes caricaturistas
brasileiros. Na sua opinião quem não poderia ficar fora dela,
além de você é claro?
Manohead - Fernandes, Dálcio e Baptistão são os meus ídolos
dentre os caricaturistas. O Fernandes tem um estilo único, é
fenomenal como ele distorce e usa o lápis de cor. O Dálcio, é
fantástico, independente do material que usa, tem domínio
técnico e uma distorção singular. O Baptistão tem uma téc-
nica de lápis de cor belíssima, sua distorção é clássica e ma-
ravilhosa. São 3 trabalhos diferentes e ao mesmo tempo fa-
bulosos. Se eu fosse dizer qual é o melhor, eu colocaria todos
no mesmo lugar, pois são todos mestres. Quanto a mim, não
me considero um excelente caricaturista, pelo contrário, acho
que estou trilhando um caminho no qual preciso caminhar
muito para me considerar bom. Talvez o fato de ser muito per-
feccionista atrapalhe, mas sempre com os pés no chão conti-
nuo a seguir meu caminho.
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Lilian - Você possui uma boa cota de prêmios e menções hon-
rosas. Tem algum prêmio que gostarias muito de ganhar?

(Prêmio do V Salão Internacional de Humor Limeira-SP- 1º)
Manohead - Meu maior sonho é um dia ganhar no Salão de
Piracicaba, acredito que não apenas eu, mas todos almejam
vencer Pira. É o Salão mais antigo do mundo e um dos maio-
res também. Os maiores mestres do humor nacional e inter-
nacional passaram por lá. Sei que falta muito para eu con-
seguir alcançar essa minha meta, mas enquanto a tinta da
minha caneta não secar, continuarei desenhando e quem
sabe, eu conquiste esse meu sonho.
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Lilian - Gosto muito de seus trabalhos sobre Van Gogh.
Como surgiu seu interesse por este grande pintor?
( Caricatura selecionada - 2009 )
Manohead - Van Gogh é um pintor que atrai muitos fãs a
cada dia, suas cores vibrantes e pinceladas fortes fazem
dele um artista único. Criei uma série de pinturas intitu-
ladas "Grandes Mestres" na qual fiz duas re-leituras de Van
Gogh, uma delas selecionada em Piracicaba e a outra pre-
miada no Salão de Humor de Ribeirão Preto.
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Lilian - Frase sua: "A caricatura é uma forma engraçada de
mostrar a realidade na qual a tecnologia e o ego se escondem
nos dias de hoje". Quais trabalhos seus ilustram bem seu
conceito?
Manohead - Veja bem, hoje todas as pessoas querem se mos-
trar mais bonitas do que elas normalmente são. O mundo em
que vivemos impõe um padrão de beleza que as pessoas nem
sempre dispõe e com o avanço tecnológico e o mundo virtual
essa beleza, aparentemente, ficou mais próxima de todos.
Hoje uma pessoa tira 30 fotos para achar 1 interessante, a
vaidade está incrustada na sociedade. E tudo isso é como um
vírus que se prolifera e infecta outras pessoas. Eu mesmo já
me deparei muitas vezes no espelho e me critiquei, tudo por
conta de uma sociedade que valoriza mais a estética que
qualquer outra coisa. A caricatura é um retrato real daquilo
que as pessoas tentam esconder, seja uma orelha um pouco
grande ou um nariz um pouco torto ou até umas rugas
salientes.
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Lilian - Você já disse ao olhar para algum trabalho artístico:
Gostaria de ter feito isso? Qual trabalho foi?
Manohead - Eu sou muito fissurado por técnicas, quando vejo
trabalhos de caricaturistas que acompanho, sempre me vem à
cabeça "gostaria de fazer tão bem como ele essa técnica". Al-
guns estilos de desenho também me chamam a atenção e eu
tenho o mesmo pensamento "como gostaria de fazer meus
desenhos assim" ... Mas isso é algo momentâneo, acredito que
muitos artistas pensam assim. É impossível você ser excelen-
te em 50 técnicas. Você pode ser bem em 10 técnicas ou exce-
lente em 1 técnica. Eu particularmente adoro experimentar
novos materiais e tentar explorar ao máximno cada um deles
Não gosto de ficar acomodado em apenas um médium. Traba-
lho com grafite, digital, acrílico, esferográfica, óleo.
( Caricatura, 2008 - Corel Painter + Tablet )
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Lilian - Qual o significado do porquinho (Logo) do seu
blog?
Manohead - Simbolicamente não representa nada, foi ape-
nas um desenho que fiz para uma amiga utilizar no blog dela,
como acabei gostando do resultado, acabei usando o mesmo
no blog também. A ideia era deixar ele por pouco tempo, pois
não era algo definitivo. Usei apenas, pois não tinha nenhuma
outra ilustração pronta quando eu estava re-formulando meu
blog, mas acabou ficando até hoje. Acho que está na hora de
mudar. (Risos)
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Lilian - Vamos conversar um pouco sobre o Grupo Rabiscar.
Como ele surgiu e qual é o seu objetivo?
Manohead - Em 2010 surgiu a ideia de fazer um encontro de
cartunistas em Floripa, a princípio eram poucas pessoas, mas
no dia acabou indo 11, entre eles cartunistas e ilustradores. Vi
que ali era a oportunidade de criar um grupo no qual poderia
organizar exposições, eventos, entre outros encontros, assim
as pessoas poderiam se conhecer e mostrar seu trabalho
para o público. Em Santa Catarina, dificilmente você encon-
tra um ilustrador do nada. E esses encontros facilitam bastan-
te a comunicação entre eles. Feito o primeiro encontro, cria-
mos uma página de discussão e um blog para que o pessoal fi-
casse ainda mais conectado. Em 2011 fizemos um novo encon-
tro e já houve uma movimentação maior, cerca de 30 pessoas
compareceram.Como o Grupo ainda é novo,estamos nos conso-
lidando e esperando mais pessoas para formar um grande

grupo de ilustradores. Aos poucos estamos organizando nos-

sas ideias para fazer com que elas se realizem.
Nesse ano já tivemos uma exposição
do Grupo feita junto ao HQCom que aconteceu no
Floripa Shopping.
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A Professora Tia Lilian - Desde já agradeço sua boa vontade
e disposição em cooperar comigo com esta entrevista. Meu
sincero desejo é que as pessoas possam conhecer um pouco
da pessoa que fica por trás de seus belos trabalhos.
Visitem:
http://www.manohead.deviantart.com/
http://www.manohead.com/
http://www.gruporabiscar.blogspot.com/
Sucesso pra você.
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Fabrício Manohead - Para aqueles que querem seguir car-
reira desenhando, não desistam de seus sonhos. Tenham em
mente seus objetivos e sempre com humildade tentem fazer
o seu melhor. Faça cada trabalho como se fosse seu último
e melhor trabalho. Ame isso antes de qualquer coisa, assim
você será feliz independente de sucesso.
Bons traços, muita saúde e paz a todos!