"Campo de trigo com uma cotovia"   
Vincent Willem van Gogh e sua cotovia 
num tempo de todos, atravessando o 
espaço e nos encontrando. 
Beleza da leveza de sempre voo. 
Faz-nos viajar...  
Devagar ... 
Sempre divagar. 
 
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Receita de Ano  Novo 
 
Para você ganhar 
belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, 
ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação 
com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, 
remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo até no coração das coisas  
menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) novo, 
espontâneo, 
que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, 
se passeia, 
se ama, 
se compreende, 
se trabalha, 
você não precisa beber champanha 
ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir 
nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 
 
 
Não precisa fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, 
recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto 
 de pão matinal, 
direitos respeitados, 
começando pelo direito augusto de viver. 
 
Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, 
tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, 
eu sei que não é fácil, 
mas tente,  
experimente, 
consciente. 
 
É dentro de você 
que o Ano Novo cochila 
e espera desde sempre. |