Amigos da A Professora Tia Lilian

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O amor na visão Vangoghiana.

Poema: "Se se morre de amor"(Fragmentos)
Gonçalves Dias Desenho, 1882
Se se morre de amor _ Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende(...)
Assomos de prazer nos raiam n"alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança! (...)
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; issso é delírio,
Devaneio; ilusão, que se esvaece(...)
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Desenho, 1886
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração _ abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos(...)
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários(...)
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
Desenho, 1887
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas (...)
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos (...)
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Desenho, 1890

Se tal paixão porém enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas _ em puro céu d'êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?(...)
Dois corações, porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, _ se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!
Desenho, 1890

Esse que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, _ às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que a dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!
(aprofessoratialilian)

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